domingo, 20 de abril de 2014

Surdocegueira e Deficiência Múltipla


Surdocegueira e Deficiência Múltipla

DIFERENCIANDO SURDOCEGUEIRA DE DMU

SURDOCEGUEIRA

Conforme Lagati (1995, p. 306), a Surdocegueira é uma condição que apresenta outras dificuldades além daquelas causadas pela cegueira e pela surdez.  
Para McInnes (1999), a premissa básica é que a surdocegueira é uma deficiência única que requer uma abordagem específica para favorecer a pessoa com surdocegueira e um sistema para dar este suporte. O referido autor subdivide as pessoas com surdocegueira em quatro categorias:
·         Indivíduos que eram cegos e  se tornaram surdos;
·         Indivíduos que eram surdos e se tornaram cegos;
·         Indivíduos que se tornaram surdocegos;
·         Indivíduos que nasceram ou adquiriram surdocegueira precocemente, ou seja, não tiveram a oportunidade de desenvolver linguagem habilidades comunicativas ou cognitivas nem base conceitual sobre a qual possam construir uma compreensão de mundo.
O mesmo autor (1999) relata que muitos indivíduos com surdocegueira congênita ou que a adquiram precocemente têm deficiências associadas como: físicas e intelectuais. Estas quatro categorias podem ser agrupadas em Surdocegos Congênitos ou Surdocegos Adquiridos:
·         Congênita: denomina-se surdocego congênito quem nasce com esta única deficiência, como por exemplo pela rubéola adquirida no ventre da mãe;
·         Adquirida: a surdocegueira adquirida é quando a pessoa nasce ouviente, vidente, surda ou cega e adquire, por diferentes fatores, a surdocegueira.
E dependendo da idade em a surdocegueira se estabeleceu  pode-se classificá-la em Surdocegos Pré-Linguísticos ou Surdocegos Pós-linguísticos.

DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA

São consideradas pessoas com deficiência múltipla aquelas que “têm mais de uma deficiência associada. É uma condição heterogênea que identifica diferentes grupos de pessoas, revelando associações diversas de deficiências que afetam, mais ou menos intensamente, o funcionamento individual e o relacionamento social” (MEC/SEESP, 2002).
As causas podem ser pré-natais, por má-formação congênita e por infecções virais como rubéola ou doenças sexualmente transmissíveis, que também podem causar deficiência múltipla em indivíduos adultos, se não tratadas. Segundo a Associação Brasileira de Pais e Amigos dos Surdo-cegos e dos Múltiplos Deficientes Sensoriais (Abrapacem), o modo como cada deficiência afetará o aprendizado de tarefas simples e o desenvolvimento da comunicação do indivíduo varia de acordo com o grau de comprometimento propiciado pelas deficiências, associado aos estímulos que essa pessoa vai receber ao longo da vida.

NECESSIDADES BÁSICAS DOS ALUNOS COM SURDOCEGUEIRA E DMU

        De acordo com o fascículo cinco: Surdocegueira e Deficiência Múltipla (2010, p.11 e 12), as necessidades específicas das pessoas com surdocegueira e com deficiência múltipla se dá a partir e por meio do corpo, pois o homem descobre o mundo e a si mesmo. Portanto é extremamente importante favorecer o esquema corporal ao trabalhar as necessidades específicas das pessoas  que possuem essas deficiências. Para que estas pessoas possam se auto perceber e perceber o mundo exterior devemos buscar a sua verticalidade, o equilíbrio postural, a articulação e a harmonização de seus movimentos; a autonomia em deslocamentos e movimentos; o aperfeiçoamento das coordenações viso motora, motora global e fina; e o desenvolvimento da força muscular.
        As pessoas com surdocegueira e com deficiência múltipla, que não apresentam graves problemas motores, precisam aprender a usar as duas mãos. Isso para servir como tentativa de minorar as eventuais estereotipias motoras e pela necessidade do uso de ambas para o desenvolvimento de um sistema estruturado de comunicação.            
        Mesmo quando a deficiência predominante não é na área intelectual, todo trabalho com o aluno com deficiência múltipla e com surdocegueira implica em constante interação com o meio ambiente. Este processo interacional é prejudicado quando as informações sensoriais e a organização do esquema corporal são deficitárias. Prever a estimulação e a organização desses meios de interação com o mundo deve fazer parte do plano de AEE.
        De acordo com Nunes (2002),  as necessidades podem ser agrupadas em três blocos:
- físicas e médicas;
- emocionais;
- educativas.

ESTRATÉGIAS UTILIZADAS PARA AQUISIÇÃO DE COMUNICAÇÃO      
         Todas as  interações de comunicação e atividades de aprendizagem devem respeitar a individualidade e a dignidade de cada aluno com deficiência múltipla. Isto se refere a pessoas que possuem como característica a necessidade de ter alguém que possa mediar seu contato com o meio. Assim, ocorrerá o estabelecimento de códigos comunicativos entre o deficiente múltiplo e o receptor. Esse mediador terá a responsabilidade de ampliar o conhecimento do mundo ao redor dessa pessoa, visando a lhe proporcionar autonomia e independência.
    A comunicação é de extrema importância na aquisição de uma boa qualidade de vida e as principais vias de acesso à comunicação são a visão e a audição. A perda de uma ou ambas limita a aprendizagem incidental, onde a criança recebe e procura ativamente informações seja na interação com o meio ou com outro, proporcionando experiências significativas e fazendo associações com experiências prévias e assim aprendendo.
            Nunes (2002) coloca que a limitação no acesso à aprendizagem incidental faz com que a pessoa receba informações de maneira fragmentada ou distorcida, sendo então essencial ensinar o que os outros aprendem acidentalmente.
            Além disso, coloca também que a dificuldade na comunicação cria limitações na interação com os outros e com o meio levando a pessoa a ter poucas experiências sociais.
            Para que a comunicação ocorra são necessários quatro elementos: o emissor ou locutor; o receptor; o tópico; o meio de expressá-lo.
Os alunos com surdocegueira ou DMU necessitam que:
·         A comunicação inicial seja pelo movimento corporal e vocalizações.
·         Aprender por rotinas organizadas.
·          A caixa de antecipação será sua primeira estratégia de comunicação.
·         Estimulação para utilização do tato;
·         Haja um mediador para trazer as informações de maneira integral e coerente se torna imprescindível;
·         Sistemas adequados de comunicação;
·         Utilização de gestos ou movimentos com os quais tenham a intenção de comunicar-se e desfrutar das atividades propostas.

Referências:
BOSCO, Ismênia C. M. G.; MESQUITA, Sandra R. S. H.; MAIA, Shirley R.Coletânea UFC-MEC/2010: A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar - Fascículo 05: Surdocegueira e Deficiência Múltipla(2010).

Aspectos Importantes para saber sobre Surdocegueira e Deficiência Múltipla. Texto elaborado pela coordenadora da disciplina Profa. Dra. Shirley Rodrigues Maia para apoiar no desenvolvimento das propostas de Solução para o Problema.

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